quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Olá, desde a última vez!
Já ridiculamente repetitiva peço desculpa pelo silêncio prolongado desde as últimas notícias.Enfim, antes tarde que nunca ...
Deixo aqui um breve relato dos últimos acontecimentos.
Na sexta-feira passada o Padre Zé Aparecido e eu fomos jantar a casa da Bruna e do Salvador; foi um serão muito agradável em que pude conhecer melhor as "personagens" de quem ouço falar há anos, sentir-me mais em família, rir-me com  as "ofensas" da Bruna e os picanços do tio Zé Aparecido... e falar italiano!
No Sábado à tarde foi o grande momento do concerto de piano com o Papa no auditório Paulo VI. Eu, a Salomé e a Coqui (uma erasmus espanhola de Direito que vive na residência da Lomi ) atrasámo-nos, à boa maneira portuguesa, fartámo-nos de correr para chegar a tempo e quase ficávamos cá fora, porque os guardas fecharam as portas 5 miutos antes da hora do concerto.Tivemos a sorte de estar um grande grupo de pessoas na mesma situação, o que fez os Guardas Suíços ceder  e abrir as portas para nos deixar entrar..."Che fortuna!", repetimos trinta vezes, e a Coqui comentou que o que se diz dos portugueses serem tão sortudos como baldas se confirma...
Foi sublime o concerto: sublime o programa (que era uma viagem cronológica por "pontos chave" da História da música), a execução, os instrumentos, que eram vários,antigos e preciosos. Mas sobretudo( e vou dizer o óbvio ) tornou a música especial a presença do Papa e o motivo do concerto, que era honrá-lo; claro que a ouvimos de maneira diferente por a estarmos a ouvir com ele, e se, como disse o Sto Padre no fim aos presentes, "a música pode suscitar oração", esta suscitou certamente uma, por ele e pela igreja, pela missão que desempenha.
 Enfim, quando saímos do auditório levávamos as três um sorriso de orelha a orelha.
 Daí fomos jantar juntas a um sítio próximo e esteve-se muito bem; entre italiano, portunhol e gestos formaram-se belas conversas. Na mesma noite ainda fui cumprimentar a mãe do tio Zé Aparecido, que tinha chegado nesse dia, e depois de um serãozinho ainda me mostraram, a caminho de casa, um pequeno segredo, desses pequenos e maravilhosos que só conhece quem já é bem aparentado com a cidade: o buraco de um fechadura, de uma porta algures na zona de Celio, revela a quem faz a marotice de espreitar uma visão única da Basílica de São Pedro, a brilhar pequenina na noite para lá do rio, emoldurada pelo corredor de árvores que existe do outro lado da porta.Enfim,não dá para explicar bem, é preciso ver.

Domingo cedo, fui para a estação de Termini para apanhar o comboio para Perugia com a Lomi e a Coqui mais duas raparigas, a Ana Carlota, erasmus espanhola, e a Mónica, Italiana da Sicília.Tirando a parte de que eu ía ficando em terra porque tive que voltar pra trás para ir a casa buscar o bilhete de que me tinha esquecido (sem comentários, avante e tirem esse sorriso sarcástico da cara), foi um dia muito bom. Perugia é um cidade medieval a 2h de comboio de Roma muito bonita e que vale a pena visitar...E que este fim de semana albergava a maior feira de chocolate da europa. Que delícias por lá havia! Mas não, nós não passámos o dia a comer chocolate e a desprezar a beleza da cidade, deu para fazer as duas coisas. =)

Quando regressámos a Roma, á noite, eu fui a uma missa... cantada e com o ordinário todo cantado em gregoriano!Que bem que me soube.Agora já sei onde é.
Bem, já devem estar fartinhos de ler. Mas pelo menos agora estão mais actualizados.Quando é que eu me convenço que isto é mais fácil se for diário?
O sono já pesa e amanhã de manhã tenho a primeira aula de Introdução ao Direito Italiano; já com professores a sério; vamos lá ver se os percebo! Por ora, descanso. Buona notte!
Beatriz

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Cá vai mais um post.Vou fazendo tentativas de dar isto alguma forma...
O serão a que me referia na última entrada foi um magnífico concerto de órgão do Giampaolo di Rosa em Aprilia, seguido de um jantar requintado com umas companhias muito privilegiadas!Estive presa à música como não é habitual conseguir...Talvez por isso, pareceu-me que nunca tinha ouvido o G. tocar assim. A desafiar a natureza como quem brinca. O repertório era belíssimo_ Bach, C Frank, Mendelson, Widor... e uma improvização absolutamente inspirada sobre o tema do Avé de Fátima que fez a igreja rebentar de aplausos.

Ontem foi a minha primeira aula aqui em Roma! Quase um mês depois de ter chegado, já viram as pressas destes tipos?!!(sim, estava a ser irónica_ clarifico, para não deixar passar a oportunidade de mandar uma das private-jokes que fazem a identidade colectiva deste nosso RETU 14,vulgo, cá de casa). Bem, e foi só uma modesta aula de italiano para estrangeiros.Leve, com joguinhos e tal; não vá o pessoal cansar-se!
Fora de brincadeira, foi um alívio começar a ter aulas de italiano.Mesmo psicologicamente, para me pôr na predisposição certa para começar a estudar com afinco e a falar, foi importante_ agora depende de mim.Ainda por cima tive bastante sorte com a turma e com a professora: com a turma porque tem malta que já fala alguma coisa e que por isso me puxa para cima; com a professora porque está a preparar aulas capazes de nos porem a falar, e não a saber preencher espaços correctamente.
Óptimo também (mas a isso já não chamo só sorte) foi conhecer nesta turma a Alice, um francesa muito simpática e que parece ser mesmo fixe! Na terça feira vai levar-me com ela ao grupo de voluntariado e oração em que se meteu cá...mesmo aquilo de que eu andava à procura.
Ontem também, fui pela primeira vez ao Coro Interuniversitario:o ambiente é informal e foi bastante acolhedor (para os padrões de Itália). Voltarei com certeza!
Quando cheguei a casa passei uma hora com a Leonor e Cecília no Skype,... foi óptimo!! Mas deixou as saudades mais à flor da pele...
Despeço-me por ora, com promessas de um maior regularidade.
Bea

sábado, 10 de outubro de 2009

Está no fim a minha terceira semana em Roma.Finalmente começo a sentir a poeira a assentar e as coisas a ganharem contornos mais precisos: sei melhor o que me espera na faculdade, definem-se melhor as relações com as pessoas cá de casa e com outras que vou encontrando, desenham-se perspectivas de como vou aproveitar e encher este tempo... Quando cheguei era ainda tudo desconhecido, incógnito ou no mínimo dúbio; era forçoso andar, mas não fazia ideia de onde me levaria cada passo.Agora já há um pouco de chão desbravado,mas não desapareceu, claro, essa incerteza que é no fundo o sabor da aventura; e que, se causa medo, guarda também uma maravilhosa sensação de liberdade, se aquele não nos paralisa: ninguém faz os meus passos se eu não os der. Ao mesmo tempo que se perde a pretensão de controlar tudo e se fica, simultaneamente, mais capaz e mais pequenino nas mãos de Deus.

Ainda não começaram as minhas aulas, mas na próxima quarta feira começa o meu curso de iataliano.E já tarda!Quero estudar bastante para recuperar o tempo perdido; isto de morar com portugueses de não ter ainda aulas para poder falar com italianos tem tornado mais difícil do que eu esperava o desenferrujar da língua... Dali a poucos dias haverá também uma reunião de erasmus de Direito da Sapienza para nos podermos conhecer e se esclarecerem dúvidas, que não devem ser poucas, sobre como vai funcionar a nossa avaliação.
Entretanto, fui outro dia ao Acolhimento da Capela Universitária, que é uma espécie de Centro Universitário movido por Jesuitas, que têm uma Comunidade dentro da própria cidade universitária.Como o ano académico começa aqui bem mais tarde (como já se percebeu), ainda não começaram as actividades nem têm o plano anual definido, mas fui muito bem recebida por uma rapariga muito simpática que me falou dos tipos de actividades e grupos que existem.
Na próxima quarta feira vou ver se me encho de coragem para aparecer num ensaio do Coro Interuniversitario que vi anunciado em vários cartazes lá na faculdade.Pelo que percebi é um coro de música sacra do vicariato de Roma.

Ontem, sexta-feira, tive um serão fantástico, mas acho que vou contar isso no próximo post (é uma maneira de em obrigar a escrever brevemente), porque combinei ir agora de tarde passear, embora ainda não saiba bem o que vou ver, e nessa altura direi também mais coisas sobre estas duas últimas semanas.
Até breve, prometo!

Bea